quarta-feira, 15 de junho de 2011

Antes eu tentava explicar, mas não conseguia. Então eu dizia simplesmente que gostava de umas historinhas sem pé nem cabeça. Filme, livro, o que viesse. Alguns acusavam, era tipo. Não é possível alguém gostar desse negócio. Meus amigos sempre foram compreensivos, porém cautelosos: se Tatá sugeriu, melhor checar antes, ela gosta de umas coisas esquisitas... Só depois descobri o nome daquilo que exerce tamanho fascínio sobre minha pessoa: o universo onírico. No dicionário "onírico" consta como adjetivo relacionado a sonhos. Esse universo refletido em qualquer forma de arte, dá aquela sensação que mistura sonho e realidade. Não se sabe o que é delírio, alucinação, o que é real. Quando a gente é criança esse é o nosso mundo. Melhor dos mundos. Daí a gente vai crescendo e sapato é só sapato mesmo, travesseiro é aquilo em que a gente apoia a cabeça pra dormir (ou ter insônia), e ai! daquele que ousar inventar ou subverter a palavra. Se não tiver licença poética ou for um Rubem Braga consagrado, é taxado de bobo. Meu vício começou com uma série do David Lynch, que passou (e não terminou) na Globo chamada Twin Peaks. A trama girava em torno do assassinato de uma garota tipo team leader, na pacata e fictícia Twin Peaks. Poderia ser a trama de qualquer filme ordinário, mas aquele era original porque tinham as cortinas de veludo vermelho, o anão que dançava de um jeito bizarro, uma trilha sonora meio new age, tudo tão pertubador e fora do lugar. Pra quem odeia narrativas sem linearidade ou lógica, esse universo de sonhos é um pesadelo. Pra quem se sente atraído e não deixou fechar todos os chacras, recomendo.


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