quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Talita, who?

Aos cinco anos de idade era alta demais em relação às meninas da minha idade. Confundia meus pais e meu irmão sempre que, ao contar uma novidade, começava dizendo "não sei se sonhei, pensei ou inventei".

Não, não sou sempre uma moça triste e doente que baila pelo salão sozinha. Estava, antes, no lugar errado e, por isso aquelas dores no corpo. Tenho gostado bastante da minha última farsa: a menina livre, preocupada apenas com unhas descascadas, ignorando o mal do mundo, sempre de férias do peso de ser quem é. Talvez isso explique porque não tenho sentido mais medo da mediocridade: ela possui uma encantadora leveza, uma enorme indiferença às indelicadezas dos outros.

Numa noite insône, me veio a cabeça que tudo o que escorrega pelo cérebro, pelo coração e pelo útero, femininamente se transforma nos sonhos daquela menina que não gostava de ser criança, que sempre foi alta demais em relação às meninas de sua idade. “Uma menina grande”, como dizia minha mãe.

Hoje, aos 25 anos, nunca deixei de ser uma menina grande. Não sei se sonhei, pensei ou inventei, mas, tenho cereteza, no dia em que eu for embora, direi que irei passar férias em Vênus exatamente no dia da sua conjunção com Saturno. De qualquer forma, guarde meu paradeiro como um segredo...

...Não é bom revelar tudo aquilo que mora no nosso coração.

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